quarta-feira, 24 de março de 2010

HORA DO PLANETA 2010

27 DE MARÇO DE 2010: MAIS UM DIA PARA FICAR NA HISTORIA.
No sábado, 27 de março, entre 20h30 e 21h30 (hora de Brasília), o Brasil participa oficialmente da Hora do Planeta. Das moradias mais simples aos maiores monumentos, as luzes serão apagadas por uma hora, para mostrar aos líderes mundiais nossa preocupação com o aquecimento global. A Hora do Planeta começou em 2007, apenas em Sidney, na Austrália. Em 2008, 371 cidades participaram. No ano passado, quando o Brasil participou pela primeira vez, o movimento superou todas as expectativas. Centenas de milhões de pessoas em mais de 4 mil cidades de 88 países apagaram as luzes. Monumentos e locais simbólicos, como a Torre Eiffel, o Coliseu e a Times Square, além do Cristo Redentor, o Congresso Nacional e outros ficaram uma hora no escuro. Além disso, artistas, atletas e apresentadores famosos ajudaram voluntariamente na campanha de mobilização. Em 2010, com a sua participação, vamos fazer uma Hora do Planeta ainda mais fantástica! Existem diversas formas de participação. A primeira delas é se cadastrar, no site http://www.horadoplaneta.org.br/ informe os dados necessários. É bem rápido. O cadastro dos participantes é a principal maneira que temos de avaliar quantas pessoas apagaram as luzes. Os participantes brasileiros serão somados com os de outros países, formando uma grande corrente pelo futuro do planeta. Os nomes das empresas cadastradas vão aparecer na página Quem Já aderiu. O próximo passo é espalhar a mensagem da Hora do Planeta para o maior número possível de pessoas. Convide familiares, amigos, colegas e membros da sua comunidade para participarem também.Se você utiliza as mídias sociais, como Orkut, Twitter, Youtube e Facebook, use essas ferramentas para falar com os seus amigos. Publique as notícias sobre a Hora do Planeta produzidas pelo WWF-Brasil. Dê o link para vídeos e fotos sobre o movimento postados na internet. Saiba o que acontece no mundo inteiro na Hora do Planeta. Acesse www.earthhour.org.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Exclusivo – Autoridade mundial em furacões fala à MetSul sobre ciclones tropicais na costa brasileira

O raro ciclone ainda está no oceano, mas se foi. Está longe. Ficou perto, mas não chegou ao continente como o furacão Catarina. Bateu, literalmente, na trave. Desta vez tivemos sorte. A recorrência de uma tempestade desta natureza, às vésperas do sexto aniversário do Catarina, instiga perguntas. O colaborador da MetSul em Porto Alegre André Pietko da Cunha fez, em comentário, um raciocínio provocador: "Alguém garante com 100% de certeza que o Catarina foi o primeiro furacão no Sul do Brasil ? Se a resposta for sim é no mínimo leviano. Por quê? Porque nos tempos mais remotos se uma tempestade estivesse na costa não poderíamos enxergar sequer o olho e sua anatomia. Não havia satélites, supercomputadores, etc. Conclusão ? Depois de ver agora outra tempestade com olho creio eu que houve outras tempestades consideráveis no passado".
Na conferência internacional sobre mudanças climáticas, em Nova York, nos Estados Unidos, entre 8 e 10 de março do ano passado, tive a oportunidade de conversar com o meteorologista do NOAA Stanley Goldenberg e entrevistá-lo. Ele trabalha na divisão de pesquisas de furacões do NOAA (Hurricane Research Division/AOML/NOAA) em Miami. Seu trabalho permitiu, por exemplo, permitir os mecanismos físicos responsáveis pelo El Niño e melhorias nos primeiros modelos de previsão numéricas de furacões usados pelo National Hurricane Center. Mais recentemente, dedicou-se ao estudo de vários fatores climáticos que influenciam a variabilidade da atividade de furacões no Atlântico em escalas intrasazonais e multidecadais. Participou ainda de quase vinte vôos de reconhecimento em ciclones tropicais a bordo do famoso avião P-3 do NOAA. Seu interesse pelos ciclones cresceu depois que a casa de sua família foi destruída pelo furacão Andrew de 1992. Sua história pessoal no Andrew foi retratada em documentários da National Geographic, Discovery Channel e PBS (rede pública americana). Foi o autor do primeiro trabalho publicado na revista Science que estabeleceu que o Atlântico Norte estava entrando numa fase multidecadal de maior atividade ciclônica. É ainda um dos responsáveis principais pelos prognósticos para cada temporada, a cada ano, do número de tempestades na região. MetSul: Nós tivemos um grande evento traumático no Sul do Brasil do Brasil que foi o furacão Catarina em março de 2004. Al Gore, no seu documentário, sustenta que foi um efeito do aquecimento global. É verdade ? Goldenberg: A questão é que eles querem atribuir a culpa ao aquecimento global por todo o desastre que ocorre. Eles simplesmente não entendem o passado. Eles olham uma tempestade lá e dizem que nunca viram algo assim lá, mas meteorologistas que olham para trás podem descobrir que já houve situação semelhante no passado que pode ter sido uma tempestade, mas não havia satélite. Estas tempestades, certamente, não ocorrem com freqüência no Sul do Brasil, mas o ponto é que a temperatura do mar não estava incrivelmente quente no Catarina, não estava "cozinhando", mas apenas as condições meteorológicas ideais se uniram, o que não ocorre comumente, e houve a tempestade. A questão é que enxergamos ciclos e não é preciso sair correndo culpando o aquecimento global. Isso é uma distorção. MetSul: Então é possível que um furacão tenha ocorrido no passado no Atlântico Sul, mesmo na costa brasileira, mas não havia equipamento, nenhuma tecnologia, para identificá-lo: Goldenberg: (risos) Mesmo com a tecnologia que temos hoje havia alguns cientistas que conheço que tinham problemas em entender que o Catarina foi mesmo um furacão. Eles ainda estavam brigando. Você pode imaginar como tínhamos poucos dados [no passado]. As pessoas não conseguem entender que nós temos uma tempestade, vamos dizer como o furacão Wilma, um categoria 5 muito intenso, Katrina e outros, e como temos coletado muitos dados nestas tempestades. Compare com as tempestades dos anos 50, 40 ou de 1900. Podíamos ter apenas uma observação para dizer o quanto a tempestade era forte. Você está tentando ter uma idéia de como é a cidade de Nova York e você uma uma pessoa com uma câmera tirando algumas fotos versus aeronaves sobrevoando a cidade tirando fotos aéreas, satélites e mil pessoas correndo com câmeras. Essa é a diferença. Ter uma imagem de furacão 40 ou 50 anos atrás comparada aos dias de hoje. MetSul: Todas as vezes que falamos sobre Catarina, nosso furacão de 2004, a questão mais freqüente feita pelas pessoas, especialmente da costa, é: pode acontecer de novo ? Goldenberg: Aconteceu antes, pode acontecer de novo. E as pessoas têm que estar atentas. Espero que seja um evento raro porque é difícil ter tempestades na região, mas certamente pode acontecer de novo e a gente de lá tem que ter consciência disso.

Foto feita por Goldenberg a bordo de um avião caça-furacões que estava no olho do furacão Diana em 1984

MetSul: Eu posso te relatar que depois de 2004, após o furacão, nenhuma medida foi adotada pela defesa civil e os governos locais para se preparar para um outro evento deste tipo como o Catarina. O que você diria as autoridades brasileiras ? Goldenberg: Existe um velho provérbio russo que diz espere pelo melhor, que nunca mais sejamos atingidos, mas prepare-se para o pior. E elas devem adotar medidas razoáveis. Aprendemos com nosso erro e vamos estar mais preparados na próxima vez. MetSul: Então elas devem se preparar....mesmo se ocorra daqui a dez ou vinte anos ? Goldenberg: Eles estarão muito agradecidos se estiverem preparados. Não digo que devam gastar uma fortuna se preparando, mas deveriam se sentar e discutir o que é possível ser feito com o orçamento que temos para estar preparado para a próxima vez e ter algumas coisas prontas. Acontece é que você não vai ter um aviso cinco dias antes. Esse é o problema. Quando acontecer, você poderá ter dois, três, quiçá um dia, de aviso prévio. Eduque-se a população e diga que nunca mais esperamos que aconteça, mas torça pelo melhor, contudo se preparando para o pior.

Autor: Alexandre Amaral de Aguiar Publicado em 11/03/2010 (DIRETO DA METSUL)

Imagens fantásticas da tempestade tropical na costa gaúcha

A rara e histórica tempestade tropical sem nome que formou-se no litoral do Rio Grande do Sul acabou por produzir imagens espetaculares. Tanto que chamou a atenção da comunidade meteorológica mundia. O NOAA divulgou uma belíssima imagem do sistema feita no dia 11 de março, quando o ciclone já estava afastado da costa e encaminhava-se para a condição de extratropical.

Também a NASA, a agência espacial dos Estados Unidos, liberou imagens de seus satélites da tempestade tropical na costa gaúcha. A mais espetacular é uma em 3D do satélite que faz estimativa de chuva, mostrando a estrutura vertical da tormenta a partir das precipitações.

Já a divisão de satélites da Universidade de Wisconsin divulgou uma imagem incrível que mostra a presença de ondas gravitacionais junto ao centro do sistema tropical que estava junto ao litoral do Rio Grande do Sul.

Um dos fatores que inibem a formação de ciclones tropicais na nossa região é a alta divergência. Esta imagem da Universidade de Wisconsin mostra que durante a formação do sistema a divergência era de 20 nós, elevada para os padrões de regiões de formação de ciclones tropicais, mas baixo para os padrões nossos regionais.

Autor: Alexandre ASULmaral de Aguiar Publicado em 12/03/2010 02:55 (DIRETO DA METSUL)

Rara tempestade tropical formada entre as costas gaúcha e catarinense é batizada Anita

Os centros meteorológicos regionais e as empresas de Meteorologia do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, em conjunto, decidiram batizar a rara tempestade tropical que se formou na costa da região entre os dias 9 e 10 de março, classificada pela Meteorologia dos Estados Unidos sob o código 90Q, com o nome Anita, em alusão à figura de Anita Garibaldi. A escolha de um nome feminino levou em conta a formação do ciclone após o Dia Internacional da Mulher e foi determinada a partir de personagem que pudesse representar as histórias do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, os dois estados afetados pela tempestade. Nascida na cidade catarinense de Laguna, Ana Maria de Jesus Ribeiro da Silva, que entrou para a história como Anita Garibaldi, morreu jovem na Itália em agosto de 1849. Conhecida como a heroína dos dois mundo, teve ativa participação durante a Revolução Farroupilha e na República Juliana, sendo recordada até hoje pela coragem e bravura. O Atlântico Sul, por ser uma região do planeta onde ciclones tropicais são muito raros, não possui um centro meteorológico de área escolhido pela Organização Meteorológica Mundial (OMM) que promova o acompanhamento regular e a previsão deste tipo de fenômeno, quando eles ocorrem. Inexistindo centro meteorológico de área encarregado dos prognósticos para este tipo de tempestades, também não há uma lista de nomes nem tampouco uma instituição previamente encarregada da escolha dos nomes e a respectiva designação dos ciclones tropicais. Entendendo que para menções e estudos futuros, e, principalmente, a fim de facilitar a comunicação com o público, a escolha de um nome localmente conhecido para a rara tempestade mostra-se mais adequada que a utilização de um código numérico gerado no exterior. O nome Anita já foi utilizado antes para designar ciclones tropicais no Atlântico Norte, Oeste do Oceano Pacífico e no Sudoeste do Oceano Índico. Agora, batizará a segunda tempestade tropical até hoje observada na costa brasileira. Antes, Anita foi utilizada nas seguintes tempestades ao redor do mundo: Atlântico Norte 1977 – Furacão Anita (Categoria 5) Oceano Pacífico: 1950 – Tempestade tropical Anita (T5038) 1955 – Tufão Anita (T5504) 1959 – Depressão Tropical Anita (07W) 1961 – Tempestade tropical Anita (60W) 1964 – Tempestade tropical Anita (T6421, 33W) 1967 – Tufão Anita (T6706, 06W) 1970 – Super Tufão Anita (T6706, 06W) 1973 – Tufão Anita (T6706, 06W)1976 – Tufão Anita (T7612, 12W) Oceano Índico: 1967 – Ciclone Anita 2006 – Tempestade Tropical Moderada Anita Os centros meteorológicos regionais e as empresas de Meteorologia do Sul do Brasil abaixo nominados a partir de hoje passarão a designar a tempestade tropical como Anita em todas as suas análises e comunicados públicos. Ciram/Epagri (Florianópolis – SC) Atmosfera Meteorologia (Pelotas – RS)Central RBS de Meteorologia (Porto Alegre - RS e Florianópolis – SC) Climaterra (São Joaquim – SC) Fundação de Apoio ao Desenvolvimento Rural (Florianópolis – SC) MetSul Meteorologia (São Leopoldo – RS) Autor: Eugenio HackbartPublicado em 12/03/2010 14:31

terça-feira, 16 de março de 2010

Descargas Atmosfericas

O que são as Descargas Atmosféricas; Como ocorrem; Descargas nuvem-solo; Raios de polaridade negativa; Líder escalonado; Descarga de retorno; Líder contínuo; Raios Múltiplos; Raios de Polaridade Positiva O que são as Descargas Atmosféricas Descargas atmosféricas são descargas elétricas de grande extensão (alguns quilômetros) e de grande intensidade (picos de intensidade de corrente acima de um quiloàmpere), que ocorrem devido ao acúmulo de cargas elétricas em regiões localizadas da atmosfera, em geral dentro de tempestades. A descarga inicia quando o campo elétrico produzido por estas cargas excede a capacidade isolante, também conhecida como rigidez dielétrica, do ar em um dado local na atmosfera, que pode ser dentro da nuvem ou próximo ao solo. Quebrada a rigidez, tem início um rápido movimento de elétrons de uma região de cargas negativas para uma região de cargas positivas. Existem diversos tipos de descargas, classificadas em função do local onde se originam e do local onde terminam. Como ocorrem Descargas atmosféricas podem ocorrer da nuvem para o solo, do solo para a nuvem, dentro da nuvem, da nuvem para um ponto qualquer na atmosfera, denominados descargas no ar, ou ainda entre nuvens. De todos os tipos de descargas, as intra-nuvem são as mais freqüentes, em parte devido ao fato de a capacidade isolante do ar diminuir com a altura em função da diminuição da densidade do ar, em parte devido às regiões de cargas opostas dentro da nuvem estarem mais próximas que no caso dos outros relâmpagos. Globalmente, elas representam cerca de 70% do número total de descargas. Este percentual varia com a latitude geográfica, sendo em torno de 80-90% em regiões próximas ao equador geográfico e em torno de 50-60% em regiões de médias latitudes. Descargas nuvem-solo As descargas nuvem-solo, também denominados raios, são as mais estudados devido ao seu caráter destrutivo. Elas podem ser divididas em dois tipos ou polaridades, definidas em função do sinal da carga efetiva transferida da nuvem ao solo: negativas e positivas. Os raios negativos, globalmente cerca de 90% dos raios, transferem cargas negativas (elétrons) de uma região carregada negativamente dentro da nuvem para o solo. Os raios positivos, cerca de 10%, transferem cargas positivas de uma região carregada positivamente dentro da nuvem para o solo (na realidade, elétrons são transportados do solo para a nuvem). Os raios duram em média em torno de um quarto de segundo, embora valores variando desde um décimo de segundo a dois segundos têm sido registrados. Durante este período, percorrem na atmosfera trajetórias com comprimentos desde alguns quilômetros até algumas dezenas de quilômetros. A corrente elétrica, por sua vez, sofre grandes variações desde algumas centenas de àmperes até centenas de quiloàmperes. A corrente flui em um canal com um diâmetro de uns poucos centímetros, denominado canal do relâmpago, onde a temperatura atinge valores máximos tão elevados quanto algumas dezenas de milhares de graus e a pressão valores de dezenas de atmosferas. Embora o raio possa parecer para o olho humano uma descarga contínua, na verdade em geral ele é formado de múltiplas descargas, denominadas descargas de retorno, que se sucedem em intervalos de tempo muito curtos. Ao número destas descargas, dá-se o nome de multiplicidade do raio. Durante o intervalo entre as descargas, variações lentas e rápidas de corrente podem ocorrer. Raios de Polaridade Negativa Um raio negativo é formado por diversas etapas. Ele inicia com fracas descargas na região de cargas negativas dentro da nuvem, em geral em torno de 5 km, que se deslocam em direção ao centro inferior de cargas positivas ao longo de um período de cerca de 10 millisegundos (ms) denominado período de quebra de rigidez preliminar. Ao final do processo de quebra de rigidez, uma fraca descarga luminosa, geralmente não visível, denominada líder escalonado, se propaga para fora da nuvem em direção ao solo com uma velocidade em torno de 400.000 km/h ao longo do canal de relâmpago. Por transportar cargas negativas, o líder escalonado é dito ser negativo. Líder Escalonado O líder escalonado segue um caminho tortuoso e em etapas, cada uma delas percorrendo de 30- 100 m e com duração em torno de um microsegundo, em busca do caminho mais fácil para a formação do canal. Ao final de cada etapa, há uma pausa de cerca de 50 microsegundos. A maior parte da luminosidade é produzida durante as etapas de um m s, praticamente não havendo luminosidade durante as pausas. Ao todo, o líder escalonado transporta dez ou mais coulombs de carga e aproxima-se do solo em média em 20 ms, dependendo sobre a tortuosidade de seu caminho. A corrente média do líder escalonado é de algumas centenas de àmperes, com pulsos de ao menos um quiloàmpere (kA) correspondentes a cada etapa. Geralmente o líder escalonado ramifica-se ao longo de vários caminhos, embora na grande maioria das vezes um só ramo atinja o solo. Quando o líder escalonado aproxima-se do solo a uma distância de algumas dezenas a pouco mais de uma centena de metros, as cargas elétricas no canal produzem um campo elétrico intenso entre a extremidade do líder e o solo, correspondente a um potencial elétrico da ordem de 100 milhões de volts. Este campo causa a quebra de rigidez do ar em um ou mais pontos no solo fazendo com que um ou mais líderes ascendentes positivos, denominadoslíderes conectantes, saiam do solo propagando-se de forma similar ao líder escalonado. As poucas medidas da velocidade de líderes conectantes indicam valores similares a dos líderes escalonados. Em cerca de 30% dos casos, mais de um líder surge a partir de diferentes pontos no solo. Descarga de Retorno No instante que um líder conectante encontra o líder escalonado, as cargas armazenadas no canal de líder escalonado começam a mover-se em direção ao solo na forma de uma intensa descarga acompanhada de um intenso clarão que propaga-se para cima ao longo do canal com uma velocidade de cerca de 400.000.000 km/h, cerca de um terço da velocidade da luz, iluminando o canal e todas as ramificações. A velocidade do clarão é máxima próxima do solo, diminuindo em até 50% próximo à base da nuvem. Esta descarga, denominada de descarga de retorno, dura cerca de 100 microsegundos e produz a maioria da luz que vemos. As cargas depositadas no canal, bem como aquelas ao redor e no topo do canal movem-se para baixo, produzindo no ponto de contato do líder conectante com o solo (denominado base do canal) um pico de corrente médio de cerca de 30 kA, com variações desde uns poucos quiloàmperes até centenas de quiloàmperes. Valores superiores a 200 kA correspondem a menos de 0,1% dos casos. Até o presente, os máximos valores de corrente de raios negativos já registrados no solo são em torno de 280 kA. Em geral, a corrente da descarga de retorno atinge seu pico em cerca de 10 microsegundos e decai a metade deste valor em cerca de 100 microsegundos, perdurando em média 200 a 400 ms. A corrente no início aumenta lentamente, correspondendo ao período que antecede ao encontro da descarga conectante com o líder escalonado, passando então a aumentar mais rapidamente, apresentando uma máxima variação pouco antes de atingir o pico. Após atingir o pico, a corrente diminui de forma mais lenta indicando que menos carga é depositada nas regiões mais altas do canal durante o movimento descendente do líder escalonado. A carga negativa média transferida ao solo durante uma descarga de retorno é ao redor de dez coulombs. Se após a descarga de retorno o raio terminar, ele é denominado um raio simples. Cerca de 20% dos raios negativos são simples, embora este valor possa variar grandemente de uma tempestade para outra. Na maioria dos casos, contudo, após uma pausa de um a 500 ms (valores médios em torno de 40 a 90 ms) uma nova descarga de retorno ocorre. Esta nova descarga é denominada descarga de retorno subsequente. Para que ela ocorra, entretanto, é necessário que outras cargas dentro da nuvem sejam transportadas para a região onde se iniciou o líder escalonado. Neste transporte, descargas denominadas descargas K ocorrem dentro da nuvem. Líder Contínuo Quando as novas cargas transportadas dentro da nuvem atingem a região do canal formado pela primeira descarga de retorno, um novo líder, denominado líder contínuo, ocorre. Este líder irá abrir o caminho para a descarga de retorno subsequente. Diferentemente do líder escalonado, o líder contínuo propaga-se como um segmento de corrente com um comprimento entre 10 e 100 m, ao longo do canal já ionizado pelo líder escalonado, de uma forma contínua e sem apresentar as ramificações típicas do líder escalonado. A duração do líder contínuo é em torno de um millisegundo e a velocidade média é em geral bem maior do que a do líder escalonado, com valores em torno de 4.000.000 km/h, devido a já existência do canal. A corrente no canal é da ordem de um quiloàmpere e a carga transportada é da ordem de um coulomb. Todavia, em muitos casos o líder contínuo pode desviar-se ao longo do trajeto seguindo um novo caminho, devido ao decaimento do canal inicial ou devido a fortes ventos, passando a apresentar um comportamento similar a um líder escalonado, sendo denominado líder contínuo-escalonado. Isto ocorre principalmente quando o tempo após uma descarga de retorno é maior do que 100 ms. Nestes casos, a velocidade do líder tende a ser menor e a nova descarga de retorno irá ocorrer a partir de um líder conectante proveniente de um ponto diferente no solo. Raios deste tipo são conhecidos como raios bifurcados. Evidências indicam que cerca de 30-50% dos raios negativos são bifurcados. Em poucos casos, o líder contínuo pode subitamente interromper seu trajeto na atmosfera, não produzindo uma descarga de retorno subsequente. Quando o líder contínuo aproxima-se alguns metros do solo, após cerca de 50 microsegundos de seu início, surge novamente um líder conectante (neste caso de apenas alguns metros de extensão) e tem-se então a descarga de retorno subsequente. A velocidade da descarga de retorno subsequente tende a ser levemente maior do que a velocidade da primeira descarga de retorno. Os pulsos de radiação gerados pelo líder contínuo possuem máxima intensidade na faixa de centenas de megahertz. Raios Múltiplos Raios com diversas descargas de retorno subsequentes são denominados raios múltiplos. O pico de corrente das descargas de retorno subsequentes tende a ser menor do que a intensidade da primeira descarga de retorno, com valores típicos em torno de 10 kA. A corrente de descargas de retorno subsequentes tende também a atingir o pico mais rapidamente, em torno de 1 microsegundo, devido ao menor comprimento da descarga conectante e a durar por um período menor, em torno de 50 microsegundos. Os pulsos de radiação associados às descargas de retorno subsequentes, por sua vez, tendem a ser similar aquele da primeira descarga de retorno, apenas de menor intensidade. Em média, um raio negativo possui de 3 a 6 descargas de retorno, sendo que em cerca de 1% dos casos 6 ou mais descargas ocorrem. Há registros de mais de 26 descargas de retorno em um único raio negativo. Raios de Polaridade Positiva Os raios positivos seguem de um modo geral as mesmas etapas descritas para os negativos, porém com algumas diferenças. Em geral, iniciam-se a partir de um líder com uma luminosidade mais fraca do que a de um líder escalonado de um raio negativo, que se propaga a partir de uma região de cargas positivas dentro da nuvem, não apresentando etapas e sim uma luminosidade contínua, porém com variações periódicas de intensidade. Na maior parte das vezes, costumam apresentar somente uma descarga de retorno, cuja intensidade média é levemente maior do que a dos negativos.

Últimas dos Blogs