quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Saúde em tempos de catástrofe

Por: Maria Ramos Você deve ter aprendido na escola que o Brasil está livre de furacões, não é mesmo? Mas a degradação do ambiente provocada pelo homem tem gerado mudanças no clima do nosso planeta. Em março de 2004, os estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul foram atingidos por um furacão batizado de Catarina, que deixou milhares de casas destruídas ou danificadas. Imagem do furacão Catarina vista por satélite - Nasa Além de deixar um rastro de destruição, com árvores derrubadas, casas e prédios destruídos e inundações, os furacões podem trazer sérias conseqüências para a saúde humana. Com o aquecimento do planeta e as mudanças no clima, não sabemos se podem ocorrer outros furacões no Brasil. Por isso, devemos ficar em alerta para todos os problemas que este fenômeno da natureza pode causar. Os estragos podem ser imensos se não estivermos preparados. A estrutura dos prédios e casas no Brasil não é feita para suportar tempestades e ventos tão fortes. Devemos lembrar que temporais, bastante comuns, por exemplo, nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo, são suficientes para derrubar muitas casas. Os riscos para a saúde As enchentes são um dos maiores problemas para a saúde, quando acontecem fenômenos naturais, como os furacões. Os transtornos se agravam quando as cidades são construídas sem um planejamento adequado para evitar inundações. Aqui no Brasil, não é preciso passar um furacão para vermos, depois de fortes temporais, ruas totalmente alagadas. Quando o nível da água sobe muito, as enchentes arrastam carros, destroem móveis e até casas ficam debaixo d’água. Bom, que as enchentes causam todos estes estragos, nós já sabemos. Mas existe um perigo bem menos visível, mas nem por isso menos ameaçador: elas aumentam os riscos de transmissão de várias doenças, como cólera, leptospirose, hepatite A, salmonelose e febre tifóide, que podem se tornar um sério problema de saúde pública. “Em casos de desastres naturais com enchentes, a água potável se mistura com a água de esgoto e os microorganismos, ao se alimentarem dos resíduos orgânicos (como as fezes, por exemplo), se multiplicam muito rapidamente”, explica Dália Rodrigues, bacteriologista do IOC/Fiocruz. Assim, se não forem tomadas medidas de prevenção, podem acontecer epidemias mesmo de doenças que não são muito comuns em determinada região. E o risco é maior entre as crianças e os idosos, que são menos resistentes às doenças. Por isso, é preciso evitar o contato com a água das enchentes. Você já viu alguma criança brincando em áreas alagadas e pisando em poças d’água? Quando isto acontecer, você deve alertá-las, pois existe um risco muito grande de que estas crianças venham contrair doenças. Mãos sujas em contato com a boca e pés descalços no meio da lama são um perigo para a saúde. O furacão Katrina destruiu Nova Orleans Nas regiões afetadas por desastres naturais, é preciso tomar cuidado com a água consumida. Beber água só se for mineral ou fervida. A maior parte das bactérias não resiste a altas temperaturas e morre quando fervemos a água. Alimentos também devem ser bem lavados com água não contaminada. E se houver suspeita de que eles entraram em contato com a água das enchentes, é melhor jogá-los fora. O problema é que, no caso de grandes catástrofes, nem sempre se tem acesso à água potável ou alimentos seguros. Mas, atenção! Se a água estiver contaminada com materiais químicos, como chumbo e mercúrio, nem fervida deve ser consumida. É que, quando um furacão é muito forte, ele pode provocar vazamentos de materiais químicos para o ambiente, em indústrias ou em locais de extração de minerais, como refinarias ou poços de petróleo. Muitos destes materiais são tóxicos, ou seja, fazem mal a saúde, mesmo em quantidades pequenas. Se a contaminação da água com materiais tóxicos for pequena, eles podem causar dor de cabeça, insônia, e problemas no fígado, explica o sanitarista Dalton Silva. Agora, se a contaminação for grande, as conseqüências podem ser mais graves, podendo levar a pessoa à morte. Materiais como o petróleo, por exemplo, podem causar câncer. Outros como chumbo, mercúrio e arsênico podem atacar o sistema nervoso, provocar queda brusca de temperatura, hemorragias internas e até problemas cardíacos, acrescenta o pesquisador da Fiocruz. A falta de higiene devido aos danos provocados pelas inundações - casas destruídas, desabrigados e lama por toda parte - também facilita a propagação das doenças. A água parada das inundações também permite a proliferação de mosquitos transmissores de doenças, principalmente da dengue e da malária. Como você pode ver, o rastro de destruição de um furacão pode ser bem maior do que poderíamos imaginar a princípio. Os prejuízos à saúde são muitos, principalmente quando o país em questão é pobre, e o governo não tem dinheiro para ajudar a população a reconstruir suas casas e evitar as doenças. Pois é, não é nada fácil! Imagine se você perdesse a sua casa, amigos e parentes na passagem de um furacão, ou então, até mesmo, num destes fortes temporais? Com certeza, você ficaria muito triste e ansioso, não é mesmo? Pois é, muitas pessoas sentem dificuldades para se recuperar das suas perdas, sofrem de depressão e precisam inclusive se submeter a tratamentos médicos. São os danos psicológicos, que podem ser devastadores para as pessoas que sofreram a fúria de um furacão. Eles são tão ou mais sérios que as outras doenças. Descubra como se formam furacões, ciclones, tornados e tempestades. Fontes de informação: http://news.bbc.co.uk/1/hi/health/4202244.stm http://www.bt.cdc.gov/disasters/hurricanes/infectiousdisease.asp http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u92017.shtml http://www1.folha.uol.com.br/folha/especial/2004/ciclonecatarina/regioes_afetadas.shtml http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u87192.shtml Foto retirada em: http://www.nasa.gov/home/

Últimas dos Blogs